Jornalista ou marqueteiro?

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O mais próximo que o jornalismo, pra mim, poderia chegar ao marketing era pela assessoria de imprensa. Nos tempos da faculdade, havia uma certa repulsa de nós estudantes ao relacionar o trabalho do “jornalista de raiz” ao assessor de imprensa. Já que a assessoria de imprensa lida com conceitos relacionados à divulgação de clientes e marcas. Mas, nos últimos anos, a informação ganhou novas formas de compartilhamento e novas necessidades foram criadas. O nosso leitor não é mais aquele que vai à banca de jornais e sai com uma gama de publicações impressas, debaixo do braço. Hoje, os leitores têm acesso à informação em várias plataformas. E é o mundo digital o preferido e mais rápido para se chegar a esse conteúdo. A internet nunca mais vai nos deixar!

A olhadinha diária no Facebook, Instagram, Whats App ou um videozinho no Youtube já fazem parte da nossa vida há alguns anos. Fazer prenumeração de revistas e jornais físicos é coisa rara. Apesar do feeling inigualável que o correr de dedos por uma publicação provoca, os tempos são outros. As prenumerações passaram a ser digitais. E o leitor? Cada vez mais impaciente e exigente! A comunicação tem que ser rápida e sem barreiras. Os sites devem ser responsivos, já que os celulares e tabletes tornaram-se ferramentas insubstituíveis. Hoje, não precisamos nem entrar nos sites de notícias para ler sobre os acontecimentos. Se adaptarmos a nossa timeline do Facebook e Instagram para receber conteúdo jornalístico, as matérias vão pintar por lá, em meio a fotos de viagens, comidas e frases motivacionais dos nossos amigos.

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O jornalista vai sempre ser necessário! O bom faro para notícias, a investigação, o texto informativo. Mas esse profissional de mídia, assim como profissionais de outros setores, já percebeu que precisa se reinventar. E é aí que o marketing digital entra na vida do jornalista! Pois ninguém é mais preparado para escrever conteúdo de qualidade que o profissional de imprensa. Mas o mercado atual exige conhecimentos específicos e uma nova visão.

Nós, jornalistas, somos pauteiros, entrevistadores, escritores, pesquisadores. Reunimos todas essas características num só profissional. Os anos na universidade somados aos anos no mercado de imprensa, moldaram esse profissional que atualmente busca atualização para atender também às demandas do marketing digital.

Precisamos nos tornar marqueteiros a contragosto? Ok, acho que até esse termo precisa ser adaptado aos novos tempos. A visão do marqueteiro tradicional, focado em outbound marketing, que empurra um produto do qual não necessariamente precisamos, foi atualizada. Na verdade, as ferramentas de convencimento mudaram. Inicialmente, você pode não saber que precisa de determinado produto quando começa a fazer pesquisas na internet. Você procura sanar uma dúvida, buscar informações para resolver uma dor ou preocupação. E, quando percebe, achou conteúdo interessante e rico. E para produzir esse material é necessário um bom redator e estratégicas específicas.

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A concorrência, que sempre foi grande no mercado jornalístico, tornou-se ainda maior. Outros profissionais, fora da imprensa tradicional, mas com especialização em diversos nichos, começaram a trabalhar como redatores. Nutricionistas, engenheiros, professores de educação física, enfim, alguém que entenda de um mercado específico viu no marketing digital, possibilidades de criar conteúdo em sua área de atuação e trabalhar como redator freelancer. Texto é ferramenta essencial para informação, conversão e persuasão. E, como jornalista, a minha constante recomendação é: investir em comunicação de qualidade é indispensável para o sucesso de qualquer negócio.

* Claudia N. Ekström é jornalista pela Faculdade Cásper Líbero e mestra em jornalismo, pela Universidade sueca Södertörns Högskolan. Trabalha como redatora freelancer no marketing digital, gestão de mídias sociais, com textos jornalísticos, rádio e como tradutora-intérprete sueco-português/português-sueco.